"Os primeiros ritos cerimoniais do ciclo do Inverno prendem-se justamente com o culto dos mortos. Logo no primeiro dia de Novembro, assiste-se a uma manifestação muito característica da Estremadura: é o peditório que as crianças fazem no Dia de Todos os Santos, de porta em porta, a que chamam o "Pão por Deus". Logo pela manhã, ranchos de crianças circulam pelas ruas da aldeias, vilas e cidades, com sacos a tiracolo, batendo às portas e gritando "Pão por Deus". Nalguns casos, entoam um recitativo que diz "Bolinhos, bolinhos, por alma dos seus defuntinhos!" ou "Bolinhos, bolinhós, por alma dos seus avós!", ou ainda "Ó tia, dá bolinhos, em louvor dos seus santinhos!". As pessoas dão-lhes frutas (maçãs, romãs, cachos de uvas) nozes, castanhas, pevides, tremoços, doces, rebuçados e sobretudo broas, feitas de farinha-triga, mel, erva-doce, fermento, pinhões e nozes, especialmente confeccionada nesta época por toda a Estremadura. Esta broas são imprescindíveis, nesta altura em todas as casas estremenhas, servindo não só para consumo próprio, mas também para ofertar a familiares, amigos e pessoas a quem se devem obrigações (...)" José Alberto Sardinha, Tradições Musicais da Estremadura, pág. 143, Tradisom.
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